Os comandos distritais da PSP estão com “dificuldades de tesouraria” e sem dinheiro para despesas correntes e reparação de viaturas e há casos com viaturas “imobilizadas”, denunciou hoje a Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).
“Não há dinheiro para nada. Desde Janeiro que os comandos distritais da PSP estão a ter dificuldades de tesouraria. Não podem efectuar reparações [de viaturas], comprar materiais ou fazer frente ao dia a dia das necessidades”, disse hoje à Agência Lusa Francisco Passinhas, da direcção da ASPP/PSP.
Francisco Passinhas apontou o caso do comando de Beja da PSP, que já tem “várias viaturas imobilizadas”, porque “não há dinheiro para reparações”, algumas delas “pequenas” e que implicam verbas “de 20, 30 ou 50 euros”.
Os comandos do interior do país, “principalmente os mais pequenos”, como o de Beja, são os que mais se ressentem, porque os parques automóveis são pequenos, disse o também agente da PSP e delegado sindical de Beja da ASPP/PSP, referindo que no comando de Beja há também “falta de materiais”, como tinteiros para impressoras.
O “problema” do comando da PSP de Beja, de “incapacidade de responder às necessidades de reparação de viaturas e despesas correntes”, “é transversal a todos os comandos do país”, disse à Lusa o presidente da ASPP/PSP, Paulo Rodrigues.
“A PSP não tem verba suficiente para disponibilizar aos vários comandos, para poderem fazer pequenas reparações de viaturas ou fazer face às necessidades de funcionamento corrente”, disse Paulo Rodrigues, avisando que, “nalguns casos mais do que noutros, começa a ser extremamente difícil continuar a gerir a PSP”.
Segundo Paulo Rodrigues, todos os anos os comandos fazem levantamentos e pedem as verbas necessárias para manutenção de viaturas e despesas correntes e a Direcção Nacional da PSP, “normalmente”, disponibiliza as verbas pedidas.
“Infelizmente”, as verbas disponibilizadas são “muito inferiores” às pedidas pelos comandos no início do ano, disse, referindo que “muitos já não têm verbas suficientes”, já que “não foram disponibilizadas as verbas solicitadas”, porque os Ministérios da Administração Interna e das Finanças “também não disponibilizaram as verbas suficientes”.
Segundo Paulo Rodrigues, “a Direcção Nacional da PSP está a tentar encontrar verbas para disponibilizar aos comandos, só que não consegue”, porque é preciso que os ministérios “desbloqueiem” as verbas.
Até agora, “não houve qualquer desbloqueamento por parte dos ministérios e, portanto, a PSP não consegue encontrar formas de suprir as dificuldades que têm a ver com reparação de viaturas e com aquilo que é imprescindível ao funcionamento das esquadras, divisões e comandos da PSP a nível do país”, disse.
Em Novembro de 2010, quando foi conhecido o orçamento deste ano para a PSP, a ASPP/PSP concluiu que “havia um défice de 86 milhões de euros em relação à verba necessária”, lembrou Paulo Rodrigues.
Na altura, frisou, a ASPP/PSP avisou que o défice iria reflectir-se em todos os comandos da PSP e que “a primeira situação que iria acontecer era justamente a imobilização de viaturas por falta de reparação e, depois, tudo o que tem a ver com o funcionamento quotidiano” dos comandos.