A PSP tem vivido tempos conturbados, não só pelos constrangimentos orçamentais, como também pela responsabilidade que indevidamente tem assumido, desresponsabilizando o governo em relação ao seu funcionamento.
Mas é verdade que a PSP, através dos seus profissionais, nomeadamente aqueles que todos os dias sentem na pele a responsabilidade de ser polícia, os patrulheiros, sabe estar à altura dos seus deveres. E quantas vezes o resultado dos seus sacrifícios é premiado com cortes nos seus direitos e nas suas já parcas compensações. Sem reconhecimento da hierarquia e do governo, os polícias continuam a ser exemplo de um país que está habituado a premiar os servilistas e a penalizar quem trabalha. Esta polícia tem de mudar o rumo, não só no que diz respeito à forma como trata os seus profissionais, mas também nos procedimentos internos a adoptar no quotidiano, dando importância ao que é relevante e revendo o que é menos útil.
No dia 1 de Julho, a PSP comemora os 144 anos, que devem marcar uma viragem, a começar pelo modelo da cerimónia, que espelha bem outros costumes que começam a enraizar-se até nos diplomas internos. Uma polícia que se afirma civilista tem de actuar como tal, sem vergonhas, com procedimentos e posturas que não sejam tradições marcadamente militares.
Paulo Rodrigues, Presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia
Crónica semanal no Jornal Correio da Manhã