Ontem, o polícia que alvejou mortalmente e no decorrer do serviço policial um cidadão que não acatou a ordem da PSP e se pôs em fuga conheceu a decisão do tribunal.
Sem querer questionar esta decisão, ficou bem vincada, durante os diversos depoimentos, a exigência, o risco e a responsabilidade que os profissionais da polícia carregam dia após dia. Analisar à mesa do café ou entre amigos a actuação e utilização das armas de fogo por parte dos polícias é realmente fácil. Mas estar no terreno frente a frente com uma situação de alto risco, onde por um lado está o sentido do dever, a lei, os princípios e procedimentos de actuação, e por outro a vida do profissional ou de qualquer outro cidadão e mesmo assim ter fracções de segundo para tomar uma decisão na utilização da arma de fogo, já não podemos ser tão ligeiros a fazer juízos de valor. Hoje, ser polícia é estar sujeito, todos os dias, a perder a vida no decorrer da sua função e aos castigos da própria instituição, além de passar pelo crivo da opinião pública, após o desfecho da sua actuação. É neste cenário que muitas vezes nos perguntamos: será que o Estado e os seus representantes têm noção desta realidade?
Paulo Rodrigues, Presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia
Crónica semanal no Jornal Correio da Manhã