Paulo Rodrigues, Presidente da ASPP sobre a diferença de salários da PSP para outras forças de segurança.
Correio da Manhã – A que se deve a discrepância de ordenados entre as forças de segurança?
Paulo Rodrigues – Nós não temos nada contra as outras forças de segurança, não dizemos que os outros ganham mais do que deviam, ganham é de forma mais justa. Tendo em conta o risco e o desgaste, na PSP deveria ganhar-se mais.
–Consideram este facto injusto.
– O que nos dizem é que, como somos 20 mil polícias, bem mais do que os outros, o esforço orçamental seria maior se nos aumentassem. Ninguém diz que não merecemos, mas sim que é mais fácil dar 500 euros aos outros do que cem a todos nós. Mas o que deve ser pago é o esforço, a responsabilidade. Enquanto outros só agem na sequência de uma investigação, nós agimos no momento. Em milésimos de segundo temos de decidir se sacamos a pistola e disparamos.
– E no que diz respeito à formação dos elementos. Na PJ exige-se actualmente a licenciatura, na PSP não.
– Isso não quer dizer nada. Em termos percentuais, o número de candidatos que concorre à PSP com títulos académicos pode ser igual ou maior do que em outras forças de segurança. Ter doutoramento não serve de nada na PSP, apenas dá aos agentes mais conhecimentos.
– Na opinião da ASPP, qual é a solução para acabar ou diminuir estas diferenças? Rever as tabelas salariais?
– As coisas não começam por aí. Antes de mais, é preciso fazer uma análise profunda das condições de trabalho e das responsabilidades dos agentes da PSP. Isto é fundamental, para que se possa, então, remunerar de forma justa os agentes. Enquanto muitas outras forças começam o seu trabalho na secretária, com as necessárias investigações, antes já nós estivemos no terreno a enfrentar os criminosos, a correr riscos. Sentimo-nos injustiçados.
– Como correu a reunião de hoje [ontem] com o ministro Rui Pereira?
– Naqueles pontos que envolvem grandes investimentos do Governo, como os aumentos e subsídio de risco dos agentes da PSP, sentimos alguma resistência, mas também abertura para se resolver outras situações. Disse que há coisas difíceis de alterar no estatuto, mas que este nunca está fechado.
João Tavares