Se questionassem os polícias para definirem o ano de 2010, a maioria diria que foi o ano da confusão na PSP.
Foi marcado pelo atropelo aos direitos dos polícias, mas também pela quantidade de truques que o Governo intentou na PSP.
Polícias mais antigos ultrapassados pelos mais novos, passagens à pré-aposentação que não saíram do papel, situação dos remunerados constantemente em atraso, Estatuto Profissional em vigor sem ser cumprido foram algumas das situações dramáticas na Instituição. Assistimos a tudo isto com uma postura por parte do Governo, em geral, e do MAI, em particular, que nos deixou abismados.
Como é que se compreende que o MAI imponha um Estatuto Profissional aos Polícias e, de seguida, não o cumpra? Como pode um Governo deixar passar incólume os responsáveis pelo processo de aquisição de material para a PSP, com um desfecho completamente paradoxal? Como é possível publicitar cinco milhões de euros para equipamento e, no final, não haver investimento algum?
Mas se esquecermos 2010 e nos concentrarmos em 2011, os polícias pedem apenas que se cumpra a Lei, colocando o pessoal na nova tabela remuneratória, respeito da parte dos responsáveis directos e diálogo sério nas negociações. Poucas exigências para quem apenas reclama dignidade.
Paulo Rodrigues, Presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia
Crónica semanal no Jornal Correio da Manhã